16 de maio de 2011

DORO: Ela é carioca (Entrevista para o Rock em Geral)

Entrevista da Doro para o site Rock em Geral.

Aproveitando o primeiro show de uma mini turnê pelo Brasil, Doro Pesch se diverte em programas turísticos no Rio e conta tudo sobre os três shows no País.

Foto: Jean Secca.
Entrevista publicada dia 21/04.


A música de Vinícius de Moraes não poderia ter sido inspirada numa garota alemã, mas Doro Pesch já encarnou o jeito carioca de ser. Sabendo que a mini turnê de três shows pelo Brasil começaria hoje, no Rio, a Rainha do Metal foi esperta e chegou mais cedo para dar um rolé pela cidade. Tomou sol na Praia de Copacabana, foi ao Cristo Redentor e circulou pela Lapa. Tudo como turista “incidental”, claro.

Doro, revelada na banda Warlock, no início dos anos 80, traz ao Brasil a turnê de seu último álbum “Fear No Evil”, de 2009, misturada com os shows que resultaram na gravação do DVD “25 Years in Rock and Still Going Strong”, recém lançado e repleto de participações especiais. A cantora, pioneira entre os machões malvados do metal, promete atender aos pedidos dos fãs por esta ou aquela música. Isso caso o repertório, repleto de clássicos, já não satisfaça o público que comparecer hoje – vejam só – na Ilha dos Pescadores, na Barra da Tijuca. Sábado é a vez de São Luis, e, domingo, São Paulo.

Além de entregar o que sua banda vai tocar nos shows, nessa entrevista exclusiva, feita por telefone, a animadíssima Doro Pesch fala das músicas de “Fear No Evil”, de suas referências no mundo do metal, de quem pode sucedê-la no posto de “Metal Queen”, e de toda a sua entrega ao universo do heavy metal. Família? Só se for “numa outra vida”, diz a cantora, que se considera praticamente uma “garota carioca”. Por essa o poetinha não esperava.

Rock em Geral: E aí, tudo bem? Curtindo o Rio?
Doro Pesch: Essa cidade é incrível. Em 2006 eu não passei do aeroporto (tocou no Live n Louder Festival em São Paulo), de modo que essa é a minha primeira vez, estou muito animada, fui ao Corcovado ontem e adorei. Daquela vez não tive tempo de conhecer a cidade, mas agora é o céu, estou amando! Sou praticamente uma garota carioca!

REG: E sobre o show, o que você espera para hoje à noite?
Doro: Estou animadíssima, até já encontrei alguns fãs no hotel, todo mundo parece bastante empolgado. Eu quero tocar todos os sucessos de todos os álbuns, fazer o show que costumamos fazer. Eu realmente sinto que será um grande show para uma plateia apaixonada. Vamos tocar “All We Are”, “Burning the Witches” e “True as Steel”. E também “Night of the Warlock”, que é do ultimo disco, vamos tocar o hino do Wacken (“Wacken Hymne (We Are The Metalheads)”), que é um grande hino do metal e também uma música de  Ronnie James Dio chamada “Egypt (The Chains Are On)”. Eu era uma grande fã dele e gravei essa música para um disco tributo. No bis os fãs vão poder gritar o nome das músicas que eles querem ouvir.

REG: É mais ou menos o repertório que vocês tocam na turnê…
Doro: Bem parecido, colocamos sempre os sucessos, algumas do disco mais recente e músicas de todos os discos. Temos um set list básico, mas podemos improvisar para atender ao público. Gosto de mudar o set list quando sinto que é o momento, cada show é um show, eles nunca são iguais. O show chega perto de duas horas…

REG: Qual é a banda que está com você para essa tour no Brasil?
Doro: O meu baixista é Nick Douglas, que está na banda há 21 anos. Tem o Johnny Dee, na bateria, que entrou em 1993. Tem o Bas Mas, guitarrista, que eu encontrei aqui na America do Sul em 2006. Ele era do After Forever, mas a banda acabou e desde 2009 ele está comigo. E o Luca Princiota, que faz guitarra base e teclado. É quase o line up que gravou o último disco.

REG: Você é uma pioneira no mundo do metal, mas hoje há muitas mulheres cantando no meio. Como você percebe essa mudança?
Doro: Eu acho que é ótimo porque temos grandes talentos, mulheres lindas que cantam muito. Para mim foi uma coisa normal, eu adoro música, amo o metal, isso é tudo para mim, e o fato de ser mulher não me atrapalhou. É sempre difícil sobreviver como músico, sendo homem ou mulher. Você sempre tem que lutar pela sua música, seja numa banda de rock ou de metal, nunca é fácil. Mas é sempre recompensador ver o apoio dos fãs, eles foram maravilhosos desde o começo. Gosto disso mais que tudo no mundo, é minha vida, minha inspiração, minha motivação.

REG: Quais foram suas principais referências no início da careira?
Doro: Eu fui muito influenciada por caras como Ronnie James Dio, que era muito legal. O espírito dele, a música dele, isso vai ficar pra sempre. Eu cresci ouvindo muito David Coverdale (Whitesnake) e Biff Byford, do Saxon. Hoje em dia gosto muito do Rammstein, uma banda alemã diferente de tudo. Gosto muito de bandas novas, mas ainda ouço as antigas, sou fã da new wave of british heavy metal, que influenciou todo mundo que veio depois.

REG: Sobre as cantoras mais novas, quais você acha que, um dia podem ocupar o lugar de “Metal Queen”?
Doro: Das cantoras que eu gosto posso citar, por exemplo, a Angela Gossow, do Arch Enemy, do Epica a Simone Simons, ela é ótima cantora, e Tarja Turunen, é claro, a ex- vocalista do Nightwish, que canta muito bem e é destaque na cena.

REG: No disco mais recente, “Fear No Evil”, você reuniu várias cantoras para gravar a faixa “Celebrate”. Como isso funcionou?
Doro: A idéia partiu do produtor do disco, de colocar uma faixa com convidados fazendo uma espécie de dueto, com vozes femininas de um lado e masculinas de outro. Achei a sugestão ótima, e decidi chamar os amigos que faço nas turnês, como as garotas do Girlschool, nos conhecemos há muito tempo, dede os anos 80. Chamamos a Floor (Janssen, do After Forever), a Angela (Gossow, do Arch Enemy)… Queria juntar todos os gêneros, do death metal ao gothic metal, e acho que ficou muito legal. Acabou ficando quase só voz feminina mesmo.

REG: A Tarja canta nesse disco, mas em outra música. Por quê?
Doro: Essa música na qual ela canta, “Walking With The Angels”, foi uma das primeiras que fizemos e pensamos em alguém com uma voz angelical, uma voz feminina para cantar. Só podia se alguém como a Tarja! E a coisa do “Celebrate” aconteceu bem depois. Já é tão difícil conseguir a participação das pessoas, com suas agendas apertadas, então não quis chamá-la para uma segunda vez.

REG: Essa música parece ter sido feita mesmo para ela cantar…
Doro: Definitivamente! Ela tem uma voz poderosa e a combinação da voz dela com a minha ficou muito boa.

REG: A faixa que abre o disco, “The Night Of The Warlock”, é uma espécie de tributo à banda que te revelou?
Doro: É, sim, foi feita por conta da comemoração do aniversário de 25 anos e eu queria fazer uma música porrada para tocar nos shows. Demorei quase um ano para finalizar essa música, mas ficou muito legal. Foi uma das primeiras que fechamos para este álbum.

REG: Já pensou numa turnê de reunião com o Warlock? Não só um show isolado, mas uma turnê?
Doro: Uma turnê é muito difícil, porque os caras estão fora da música, têm trabalhos convencionais e famílias. Eu também tenho a minha banda, não quero largar a minha história. Um show ou outro dá pra fazer, mas uma turnê é um pouco mais difícil. Eu nunca digo nunca, mas nesse caso acho difícil.

REG: Como foi gravar a música “Herzblut”, que no disco saiu em alemão, em português?
Doro: Gravei em português, espanhol e francês. Em português ficou “Eu Dou-te o Meu Coração” (fala com forte sotaque) e eu adorei. Gosto de fazer algo difícil, com muita vontade e paixão. Ficou muito bom, fui treinada por uma cantora brasileira que adaptou a letra e me ensinou a cantar. Gostei bastante, no final das contas, foi para mostrar o quanto gosto dos fãs brasileiros, que são muitos. Pena que esse EP (“Herzblut”) seja difícil de achar, saiu numa edição limitada.

REG: O “Fear No Evil” é de 2009, tem a intenção de lançar um novo disco em breve?
Doro: Já temos músicas novas, mas não prontas para tocar ao vivo. Acho que o próximo disco sai no início do ano que vem. Acabamos e lançar o DVD “25 Years In Rock And Still Going Strong”, e temos o ano todo para ir preparando o novo disco, em meio às turnês. Temos muitas idéias e eu já estou bem animada com elas. Devemos entrar em estúdio este ano, mas o trabalho só fica pronto no ano que vem.

REG: Você é uma pessoa muito integrada no meio do metal, mas, de outro lado, tem uma vida pessoal, digamos, normal, com casamento, família e filhos?
Doro: Nada disso, minha vida pessoal é a música o tempo todo. Sou totalmente dedicada a musica e aos fãs, é a coisa mais importante na minha vida. Eu nunca comecei uma família, firmei essa posição de me dedicar totalmente à música e aos fãs, é com o que eu realmente me preocupo, o que me faz feliz. Talvez numa outra vida eu faça uma família, mas nesta tudo vai bem assim. Adoro os fãs e a cena metal, em qualquer lugar que vou encontro uma grande família de fãs do metal. Sou muito orgulhosa e feliz de ter uma vida pessoa assim, um pouco diferente, mas estou 100% satisfeita.


2 comentários:

Leticia disse...

Que legal a entrevista!

Eu nao sabia que ela tinha regravado Herzblut em português... vou ver se acho pra escutar!

Equipe Doro Brasil disse...

Letícia, a Herzblut em português foi lançado no EP, que pode ser visto nessa página: http://doropeschbrasil.blogspot.com/2010/07/doro-singles-eps-e-caixas-comemorativas.html

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